sexta-feira, 12 de junho de 2009

Morte.


Li esta semana o capítulo 102 de Akumetsu. Nele há uma discussão sobre a morte. Além de tantas questões políticas e de economia, o mangá ainda abrange esse tipo de assunto. Não é à toa que está entre meus favoritos. E foi esse capítulo que me motivou a escrever o primeiro post deste blog.

O que acontece quando a gente morre? Pra onde a gente vai? Aposto que todos já perderam, em algum momento, tempo com essas perguntas. A resposta é bem simples, mas não vem ao caso agora. O que sempre me intriga nessa questão é: por que as pessoas têm tanto medo da morte? É claro, natural a pessoa ter medo de se machucar. Dói. Mas depois que você morre, você já não sente mais dor. Eu acho que as pessoas têm é medo de não continuar mais existindo. Medo de não influenciar mais no mundo. E é por isso que os diversos tipos de religião criaram explicações para o que acontece conosco após a vida. Existe um céu e um inferno? Nossas almas ficam vagando pela Terra? A busca por essas respostas é puramente o medo de não mais existir.

Eu já tive medo da morte. Corria chorando pra minha mãe com medo de morrer. Eu tinha medo do que aconteceria comigo quando eu morresse. Tinha medo porque não sabia. Não que agora eu saiba, mas eu perdi o medo do desconhecido. E também defini que pra mim, quando você morre, você deixa de existir. Sua existência simplesmente desaparece. Seu corpo, que é tudo o que você tem, permanece, até ser completamente consumido pelo ambiente. As sinapses dos seus nervos deixam de fazer as ligações que lhe dão a vida e você pára de pensar. Só isso. Mas por que se preocupar tanto com esse detalhe? Por que querer garantir algo para além da vida em detrimento dela própria? Não faz sentido pra mim a eternidade. Por isso não me preocupo com ela. Aliás, se por acaso o céu existe e é muito melhor que aqui na terra, por que continuar vivendo? Se a gente morresse e fosse pra um lugar melhor, a vida não faria sentido.

Então, se alguém desaparece quando morre, por que ter pena de alguém que morreu? Eu realmente não entendo. Mesmo que, digamos, a pessoa vá para o céu quando morre. Por que ter pena dela? Vai estar lá, feliz de estar no paraíso. Enfim, a pessoa desaparece, ela não vai estar se lamentando por não ter concluído algo que desejava. Eu tenho pena é de quem está vivo. De quem vai sofrer a perda. No fim, como tudo o que o ser humano faz (um dia falarei sobre isso), sofrer por alguém que morreu é egoísmo. Sim. Quem sofre, o faz porque gostaria que a pessoa ainda estivesse ali, ao seu lado. Puro egoísmo. Eu já passei por situações de morte. Eu chorei por egoísmo, porque uma parente minha morreu muito novinha, de uma doença. Eu queria cuidar dela, queria levar ela no cinema quando ela crescesse. Chorei pensando em mim. Mas depois de derramar as lágrimas eu pensei: pô, agora ela parou de sofrer. Algum tempo mais tarde, minha avó morreu. Mas eu não chorei. Porque entendi que a vida uma hora acaba. Não que eu não fosse sentir falta da minha avó, eu só aceitei que as coisas e as pessoas vêm e vão.

Eu pensei em falar em destino, mas não vou. Afinal, não existe tal coisa. As coisas simplesmente acontecem. Ok, eu falei. Mas é isso. Pode parecer clichê, mas a única coisa que é certa é que todo mundo morre.

Enfim, não temos porque temer a morte. Devemos aproveitar a vida, já que não resta nada depois que ela acaba. E na vida, faça o que bem quiser. Se quiser se divertir, se divirta, se quiser sofrer, sofra. Eu não vou julgar ninguém. Só vou discordar, porque eu sou diferente. Mas não se prenda ao que os outros pensam de você. Aproveite agora o que você não vai poder aproveitar depois.

Um comentário:

  1. Interessante ponto de vista. Sempre que penso na tal, caio em um dilema: se a morte é, para aquele que morre, um blackout, nao haveria nenum sentido para a vida em si, já que ela existe por causa do parâmetro 'morte'. Talvez vivêssemos hedonisticamente, pensando e considerando somente as coisas efêmeras da vida. Aquilo material, só de prazeres, aquilo que acaba. Uma hipótese: a razao da vida é a morte em si. Vivemos com o intuito de morrer melhor - lá vem o budismo - porque a vida é sinônimo de energia. É uma energia que, quando o frágil corpo falece (21 Gramas), tanto pode voltar, quanto elevar-se de patamar. É um ciclo que tem o protagonista 'vida' como meio de chegar à energia máxima (nirvana). Consequentemente, vivemos para morrer melhor. Viver de forma altruísta, benevolente e desprendida das efemeridades é que eleva a energia a um nível de... mmm... maior respeito, digamos. Acho que viajei bastante agora, mas é realmente o que eu penso. Nao no budismo em sua plenitude, mas o conceito. ;)

    PS.: espero que eu esteja correta agora e que voce realmente seja o irmao do meu garotinho ;) Eita pessoa maravilhosa !

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